Antes, porém, graças a Galileu
Galilei e a contragosto da igreja católico, já se sabia que o planeta Terra era
redondo e não era o centro do Universo; era apenas mais um planeta que gravitava
em torno do Sol, este sim, no centro da galáxia. Com base nestas teorias, os
grandes navegadores, de forma perspicaz, raciocinaram: “bom, se a Terra é
redonda, então, posso navegar rumo à oeste que, certamente, chegarei a leste”.
E, assim, fizeram.
Por conta desta ousadia, a
humanidade, restrita ao continente europeu e à Ásia, soube que havia outras
terras. E descobriu-se a América. Ah, a propósito: o astrolábio é o antepassado
da bússola, velha conhecida de todos nós.
Se para as grandes viagens por
terra, mar e ar, a bússola é um instrumento indispensável, como fazemos para
nos orientar em nossa caminhada pessoal? Como sabemos qual o melhor caminho a
seguir em nosso desenvolvimento espiritual? Certamente, os livros são nossos
melhores guias, ou seja, são nossas bússolas.
Mas, atentemos para o detalhe: a
bússola nos orienta, aponta a direção, porém, não define com exatidão qual a
rota certa, o melhor caminho, a seguir. Isto é por nossa própria conta. Com os
livros acontece a mesma coisa. É comum encontrarmos pessoas capazes de fazer
longas citações de determinadas obras, tão precisas a ponto de dizerem até
mesmo o número da página, o ano da edição, etc. Agora, se perguntadas qual a
sua opinião a respeito daquela leitura, ela será tomada pela surpresa porque
simplesmente não tem.
Quantos de nós, habituados à
leitura, já não encontrou textos recheados de citações, de aspas, sem visualizar
uma única idéia original do próprio autor? Certamente, ele leu ou na pior das
hipóteses, consultou todas as obras citadas, mas, não foi capaz de usá-las como
sustentação para formular suas próprias
idéias; ou com sua forma original de pensar, contrapor as teorias citadas.
Pensar é isso: ou confrontamos a idéia e a superamos, ou, com novos argumentos,
referendamos e confirmamos a sua validade.
O nosso desenvolvimento
espiritual é constante, ainda que a marchas e contramarchas. Em determinados
momentos nos sentimos mais fortes a cerca de nossas convicções; em outras situações,
porém, diante da rigidez da vida, sentimos um fraquejar em nossa fé para, logo
adiante, obtermos a sua confirmação. E isso nos permite crescer, nos fortalecer
e poder ajudar ao próximo, em uma expressão: praticar a caridade.
E a leitura, seja de romances
psicografados, seja de relatos autobiográficos das entidades ou, ainda, obras
de caráter etnográfico, sociológico ou antropológico, serve para nos atualizar
e apresentar novas idéias. Agora, o que realmente importa são as lições que
cada um de nós tira destas leituras. O ato de passar os olhos pelas palavras
impressas deve nos levar à reflexão para o nosso próprio crescimento. O que
realmente importa não é demonstração de conhecimento com a citação de uma
miríade de longos trechos dos livros lidos, mas, sim, o que de concreto a
leitura provocou em nosso pensamento. De que forma aquela leitura impactou
nosso modo particular de ver o mundo e as pessoas; se nosso comportamento foi
modificado, de que forma, para melhor ou para pior.
Enfim, se a direção apontada pela
bússola foi determinante na escolha do caminho que decidimos percorrer.