terça-feira, 22 de novembro de 2011

A cidade e os seres invisíveis

Você conhece os seres invisíveis? Eles também moram na sua cidade. Mas, você não os vê. Ou melhor, finge que não vê. Seu lixo é recolhido diariamente, não é mesmo? A rua da sua casa está sempre limpa, varrida e com a sujeira recolhida, não é verdade? E quem você acha que faz todos estes serviços? Os seres invisíveis, é claro! No entanto, você não os vê, ou melhor, finge não ver. Só tomará conhecimento da existência deles no mês que vem, dezembro, quando, audaciosos, eles lhes pedirão "um troquinho a mais" para melhorar o Natal da família. Aí, sim, você vai se dar conta de que eles existem.
Sãos trabalhadores da companhia que recolhe o lixo e o despeja no aterro sanitário da cidade. Também são os varredores que vão de rua em rua, varrendo e acondicionando a sujeira em sacos plásticos pretos. Apesar do uniforme espalhafatoso e de cor berrante, eles passam desapercebidos. Não são notados pelas pessoas, que andam ao lado deles como se eles não existissem. Mas, são trabalhadores, como nós. E assim como nós, também têm famílias. Acalentam para os filhos os mesmos sonhos e esperanças que depositamos nos nossos. E, ainda assim, a maioria da sociedade não os percebe; eles são invisíveis. São mesmo gente diferenciada.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Baile de máscaras

A época atual ficará marcada na história como um período de trevas, intolerância e preconceito. Não parece que o mundo chegou ao século XXI. Não existe respeito às pessoas. Nunca o ser humano foi tão achincalhado como agora. E quem mais sofre com isso são os mais de 30 milhões de brasileiros que ascenderam à chamada Classe C. Gente que passou a ser considerada cidadão apenas por ter, agora, condições de consumir.
Este é o problema. Enquanto estavam no andar de baixo não incomodavam. Elas não existiam. Nem nas estatísticas oficiais. Com um pouco mais de grana no bolso, foram logo transformar em realidade os sonhos há muito acalentados. Sonhos que aos olhos dos outros chegam a surpreender pela simplicidade.
Mas, o que se há de fazer? As pessoas são assim. Sempre foram assim. Apenas camuflavam com máscaras sua verdadeira identidade. Derrubaram as máscaras e as faces reais tornaram-se públicas. E, tal qual a verdade, a face real das pessoas é dura. É melhor assim. Pelo menos chega ao fim o grande e interminável baile de máscaras. Erradica-se a dissimulação. E todo mundo mostra-se como é. Em casa e fora dela.