sábado, 22 de janeiro de 2011

Dos idiotas que são palhaços

Augusto Nunes que, num passado recente, foi um grande jornalista, mas, na atualidade, dedica-se a ser pena de aluguel da direita, escreve em seu blog que os idiotas estão por toda parte. O escriba se põe a criticar duramente o governo da presidenta Dilma Rousseff, como antes já fizera com seu antecessor, Luis Inácio Lula da Silva, cujos mandatos Nunes classifica coms a Era da Mediocridade. Talvez não saiba, ou, se sabe, finge que não é com ele, mas, Augusto, ao classificar os idiotas, coloca-se no papel de palhaço a divertir todos que estão nas arquibancadas ao redor do picadeiro.
Na última fileira de arquibancadas, lá em cima, cabeça quase encostada na lona, é interessante notar aquele homenzinho ridículo que, do alto da sua insignificância, se põe a cagar regras, como se fosse um Moisés com as tábuas da lei nas mãos. Que reação ter diante de tétrica figura? Rir. Apenas rir. Afinal, é isso que o palhaço espera dos seus espectadores: o riso farto e generoso diante do seu ridículo.
Faz-me rir, Augusto Nunes, faz-me rir. Nisso você é bom, muito bom. Pode ter certeza disso.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

É importante ter um lado

Por quê você está sempre se posicionando sobre algo, alguém ou alguma coisa? Sempre nos fazem esta pergunta quando decidimos tomar uma posição, seja ela qual for. As pessoas não entendem que, na vida, estamos sempre sendo confrontados com diferentes situações que, na maioria das vezes, exigem que tomemos uma posição e abandonemos o conforto do muro. E isso vale para praticamente todas as áreas nas quais decidimos atuar.
É importante se posicionar. Não há como ficar alheia ao que acontece a nossa volta. O mundo moderno é um turbilhão de informações. Mal digerimos uma e outra já está na fila de espera da compreensão. E a coisa vai num crescendo que, em determinado momento, avolumam-se e precisamos filtrar o que vai receber mais atenção.
Não importa o que os outros pensem ou digam. Não se preocupe. Tome uma posição e lute por suas idéias e convicções. E se no transcurso do debate achar que o melhor a fazer é mudar de opinião e aceitar um outro ponto de vista, não se acanhe em admitir que estava errado e que, sim, a opinião do outro está mais próxima da verdade. Isto recebe o nome de humildade e tem por finalidade ajudar-nos a crescer enquanto homens (a acepção de espécie) e cidadãos.
Se o lado para o qual pendermos for o do mais fracos e oprimidos, então, melhor ainda. É sinal de que não aceitamos o autoritarismo, seja qual for o seu sinal, político e epistemológico. Tenha sempre um lado. Não faça da omissão o seu mantra diário de vida.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Obscurantismo católico

Nomeado recentemente pelo Papa Bento XVI prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica da Igreja Católica, o arcebispo de Brasília, dom João Braz de Aviz, mostrou que está em perfeita sintonia com o obscurantismo católico. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, edição de 19 de janeiro, o religioso já foi logo emparedando a presidenta Dilma Rousseff, ao cobrar-lhe publicamente o que ele considera posicionamentos mais claros sobre questões como o aborto e o homossexualismo.
Dom João acusa Dilma de ter posições ambíguas sobre estes temas. “Nós não temos uma idéia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor suas convicções religiosas”. O religioso afirma que a chefe do Executivo revelou-se, durante a campanha, muito flexível em relação a temas importantes para a igreja. Ele atribui isso a uma característica própria dos políticos. “Durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro”, acusa.
Como a igreja católica ainda “não conseguiu decifrar a esfinge Dilma”, o arcebispo de Brasília manifesta preocupação sobre como se dará o diálogo com o governo federal. “Até o momento, não sabemos como será, pois ela (Dilma) assumiu a posição do ex-presidente Lula, que é impossível moralmente. Ele diz que tem uma posição pessoal como homem de fé e outra como presidente, como homem de Estado. Ora, a gente tem apenas uma moral, e não duas”, critica o religioso.
A dificuldade de dom João Brás em entender a posição de Lula e da presidenta Dilma resulta do problema da igreja católica em aceitar o caráter laico do Estado brasileiro. Quando o ex-presidente afirmava a sua posição sobre o aborto, por exemplo, o que ele pretendia era exatamente tirar o componente religioso do debate e tornar a questão um assunto de saúde pública.
Ao contrário do que diz o arcebispo de Brasília na entrevista ao jornal paulista, a fé está, sim circunscrita à esfera privada, à dimensão da consciência pessoal das pessoas. Ela não pode, jamais, influenciar as decisões do Estado, que impacta toda a sociedade, composta não só por católicos, mas, também, por pessoas de diversas denominações religiosas; e até mesmo sem nenhuma religião.
Nas entrelinhas de sua entrevista, Dom João Braz deixa bem claro a qual movimento religioso está afiliado: o obscurantismo católico, reacionário e conservador. O recém nomeado “prefeito” pelo papa não esconde seu desejo de ver a igreja católica definindo as regras de conduta que a sociedade deveria seguir; com tudo de ruim que isso implica, como a história da humanidade demonstrou em outras oportunidades.
Apesar de seu reacionarismo, Dom João deve ser um homem culto. E, certamente, deve ter assistido ao filme “Elizabeth – a Era de ouro”. Se viu o filme, sabe o que aconteceu ao rei Felipe da Espanha, católico fervoroso e que envolveu toda a Europa numa guerra santa. Quando tentou atacar a Inglaterra protestante, o monarca espanhol viu a sua bela armada, orgulho da Nação, afundar no Canal da Mancha, juntamente com seu obscurantismo religioso. Uma década depois, Felipe foi chamado a prestar contas no grande tribunal da vida, não sem antes levar seu país à falência econômica e moral.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os tiros de Tucson continuam a ecoar

Os tiros disparados por Jared Lee em Tucson, Arizona, EUA, continuam a ecoar pelo mundo. O Tea Party, por intermédio de sua estrela maior, a ex-candidata a vice-presidente, Sarah Palin, postou vídeo na Internet, onde se defende das acusações, segundo as quais sua retórica belingerante incentivou o rapaz disparar contra a multidão. No ano passado, vídeos institucionais do Tea mostravam distritos onde os democratas ganharam eleições como alvos a serem alvejados pelos repúblicanos. Lee deve ter seguido a sugestão ao pé da letra.
"Depois da casa arrombada, corre-se a por trancas nas portas", diz um velho ditado brasileiro. E o debate do momento, nos Estados Unidos, é sobre se a retórica raivosa da extrema-direita foi responsável ou não, ainda que indiretamente, pelos massacre de Tucson. Os brasileiros podem até estranhar esta discussão, uma vez que, por aqui, salvos algumas exceções, não temos programas com retórica belicosa na televisão. A influência é, digamos, um pouco mais sutil.
Isto não significa, no entanto, que a realidade não esteja mudando. Quem se dispuser a perder tempo e paciência nos canais religiosos encontrará inúmeros exemplos de programas iguais ou até mesmo piores do que aqueles transmitidos nos Estados Unidos. Por aqui, o discurso, ainda que disfarçado pelo viés reliogiosa, também busca alvejar as iniciativas progressistas.
A coisa começa nas críticas duras ao debate sobre a descriminalização do aborto, passa pela discussão sobre a retirada dos símbolos religiosos dos órgãos públicos e desemboca no projeto de lei do Estatuto do Nascituro (ainda desconhecido do grande público), que tramita no Congresso Nacional. E pronto, está fechado o ciclo político da direita, o pantanoso terreno da moral. O país assistiu, durante a campanha eleitoral do ano passado, apenas uma prévia de como serão os próximos quatro anos.
Será que o extremismo político da direita poderá levar à repetição, no Brasil, de um caso semelhante ao de Tucson? Ou é forçar demais a barrar tal questionamento? O ser humano é imprevisível, portanto, convém acautelar-se.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O verão e as chuvas

Parece até reprise de notícias do ano anterior. Ruas alagadas. Difícil saber onde termina a rua e começa o leito do rio, do córrrego ou do riacho; não importa o tamanho: a grande quantidade de chuvas que cai nesta época do ano transforma todos, ainda que por breves momentos, em irmãos gêmeos do caudaloso e longo Amazonas.
E tome lamentos de quem, de passado imprudente, construiu sua habitação a poucos menos do curso d'água. Dirão que ali era mais barato e, na luta para fugir da escravidão do aluguel, todas as armas eram válidas. Até mesmo cair no conto do vigário do corretor safado, que só pensava no lucro fácil. O vendendor do terreno, para adoçar o comprador, dizia que "em no máximo dois anos tudo isso vai ser canalizado". Mas, ainda mais safada foi a autoridade municipal, que permitiu tamanho descalabro. Em suma, prevaricou.
O tempo não perdoa: a todos pune sem distinção. E agora, depois de anos de especulação imboliária e desordenado crescimento urbano, a natureza mandou a fatura. É triste e comovente o choro e o lamento daqueles que viram seus pertences levados pelas águas, todavia, não merecem complacência.
Ou será que, no ato da compra do terrero, nem mesmo por um segundo, se permitiram pensar na hipótese de aquele não ser um bom local para fixar residência? Certamente, não ousaram refletir. E, agora, pagam o preço da leniência.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Internet como fonte de informação

A maioria das pessoas com idades entre 18 e 29 anos têm na internet a sua principal fonte de notícias, nacionais e internacionais. É o que revela estudo realizado pelo Pew Research Center no ano passado. 65% daqueles que estão nesta faixa etária já usam a rede mundial como sua primeira fonte para buscar notícias; este percentual quase dobra os 37% verificados em 2007.
2010 também registrou a explosão do crescimento das rede sociais. No ano ano passado, a quantidade de tweets aumento de cinco mil por em 2007 para 90 milhões diários; o Facebook, no mesmo período, passou de 30 milhões para mais de 500 milhões de usuários. Tudo somado, conclui-se que as pessoas passam muito mais tempo em frente aos seus computadores do que diante dos aparelhos de televisão.
Da mesma forma que a Internet cresce, caiu drasticamente a audiência das emissoras de televisão abertas. O modelo de negócio e, mais do que isso, a verticalidade da programação tem coloborado para esta queda. Os programas de entretenimento e os telejornais estão perdendo a capacidade de seduzir e prender a atenção das pessoas. Ainda que de forma lenta, assiste-se ao esgotamento de um modelo, embora os executivos das emissoras teimem dizer o contrário.
A Internet, ao contrário das emissoras tradicionais, tem na horizontalidade e interatividade as suas principais características. Na rede, os internautas encontram espaços para divulgar opiniões, críticas e sugestões de assuntos que podem ser abordados. Passa a ter um papel mais ativo do que um mero espectador televisivo.
Para 2011 o que se prevê é o aprofundamento desta realidade. O Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), que ao governo da presidente Dilma Rousseff pretende colocar em prática, ao insistir na popularização do acesso à internet em alta velocidade, pode ser tornar a pá de cal nas emissoras de televisão como se conhece hoje. A audência vai cair cada vez mais porque os telespectadores vão perceber que é mais interessante navegar, interagir e participar, do que ficar sentado no sofá da sala assistindo a programas chatos e enfadonhos.