sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Petrobrás é a segunda maior do mundo; e os tucanos queriam desmontar a empresa

Por Rodrigo Vianna, Blog Escrevinhador
FHC queria enterrar a Era Vargas. Foi o que disse num discurso histórico no Senado em 1994, pouco antes de tomar posse para o primeiro mandato na presidência da República.
Depois, um dos ideólogos do tucanismo, o ministro Sergio Mota (aquele que dizia: “os tucanos tem um projeto de 20 anos de poder”) anunciou que era preciso “desmontar, osso por osso” a Petrobras – a empresa, segundo ele, era um “paquiderme”.
Hoje, o Brasil anuncia que a Petrobras é a segunda maior empresa do Mundo. A captação de 120 bilhões de reais, com lançamento de novas ações no mercado, foi a maior da história. Prestem atenção: maior captação de recursos da história no mercado mundial!
Além disso, com a engenhosa operação planejada pelo governo Lula, a União pode passar a deter mais de 50% das ações da Petrobrás.
Com o sucesso da Petrobrás, o Brasil mostra ao mundo a força de sua economia; e mostra que o Estado tem – sim – papel fundamental no desenvolvimento, sobretudo em economias que tentam sair da periferia para entrar no centro do jogo econômico mundial.
Ano passado, o Brasil já tinha enfrentado a crise mundial com a força do BNDES – outra criação de Vargas. Agora, a Petrobras vira uma gigante quase do tamanho da Exxon (EUA).
Como já escrevi aqui, tem um caráter simbólico o fato de a provável sucessora de Lula ser uma ex-militante do PDT, formada na tradição do brizolismo e do trabalhismo de esquerda.
A eleição de Dilma significa o reencontro do PT com Vargas. Mais que isso, significa o reencontro do Brasil com a melhor herança do varguismo: defesa do Estado, distribuição de renda, direitos trabalhistas e nacionalismo econômico.
O resto é UDN, é entreguismo, é tucanismo dos anos 90.
Tenho a leve impressão que o estadista gaúcho ganhou essa parada. Enterrado há 56 anos em São Borja, Vargas segue mais vivo do que nunca. Foi o Brasil que enterrou a era FHC.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Empresário" fonte da Folha acabou de sair da cadeia

Até onde vai a Folha de S. Paulo? Luis Nassif derruba por terra a denúncia do empresário Rubnei Quícoli, fonte do jornal na "denúncia" publicada em 16 de setembro de 2010.
Alguns elementos para tentar entender essa nova denúncia da Folha:
Segundo informações da própria Folha, o acusador Rubnei Quícoli já foi condenado duas vezes em São Paulo (por interceptação de carga roubada e por posse de moeda falsificada). E em 2007 passou dez meses preso. O fato de antecipar as denúncias sobre sua fonte não absolve o jornal. Pelo contrário, é agravante. Quando uma pessoa com tal currículo faz uma denúncia, é praxe de qualquer jornalismo sério ouvir as denúncias e exigir a apresentação de provas.
A única prova que o tal consultor apresenta é um email marcando audiência na Casa Civil e que tem o nome de Vinicius Oliveira no C/C . Todo o restante são acusações declaratórias. Nenhum juiz do mundo tomaria como verdade acusações desacompanhadas de provas, de um sujeito que acaba de sair da cadeia.
O jornal não explica como um sujeito com duas condenações criminais, que passou dez meses na prisão dois anos atrás, pilota um projeto de R$ 9 bilhões. É apostar demais na ignorância dos leitores.
O BNDES é um banco técnico, constituído exclusivamente por funcionários de carreira trabalhando de forma colegiada. É impossível a qualquer pessoa – até seu presidente – influenciar a análise do comitê de crédito. Essa informação pode ser facilmente confirmada com qualquer ex-presidente do banco, de qualquer governo. É só conversar com o Luiz Carlos Mendonça de Barros, Pérsio Arida, Antonio Barros de Castro, Márcio Fortes – que foram presidentes durante o governo FHC. A ilação principal da reportagem – a de que o projeto de financiamento foi recusado pelo BNDES depois da empresa ter recusado a assessoria da Capital – não se sustenta. Coloca sob suspeita uma instituição de reconhecimento público fiando-se na palavra de um sujeito que já sofreu três condenações na Justiça e três anos atrás passou dez meses preso.
Existem empresas de consultoria que preparam projetos para o BNDES e cobram entre 5 a 7% sobre o valor financiado. É praxe no mercado. Confundir essa taxa com propina é má fé. Segundo o empresário que denunciou, Israel apresentou uma proposta de acompanhamento jurídico de processos da empresa, que acabou não sendo assinado. Tudo em cima de declarações.
Ninguém vai negociar propostas ocultas em reuniões formais na Casa Civil, à luz do dia. Só faltava.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Tracking Vox Populi/Band/iG: Dilma registra 53%; Serra mantém 22%

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), oscilou um ponto para baixo no tracking Vox Populi/Band/iG desta terça-feira. A presidenciável petista soma 53% das intenções de voto, e venceria a disputa no primeiro turno. José Serra (PSDB), com 22%, e Marina Silva (PV), com 8%, mantiveram os índices da medição anterior. Brancos e nulos chegam a 4% dos entrevistados. Não sabem ou não quiseram responder 12% dos eleitores.
A variação registrada pela petista ocorre dentro da margem de erro do levantamento, que é de 2,2 pontos percentuais. Na pesquisa espontânea, quando o nome dos candidatos não é apresentado, Dilma recebe 44% das menções, enquanto Serra soma 18%. Marina tem 6%. O presidente Lula segue lembrado por 1% dos eleitores na espontânea.
Dilma tem vantagem sobre os adversários em todas as regiões. Na medição que engloba o Centro-Oeste e o Norte do País, a petista tem 51%. O candidato tucano contabiliza 25% das preferências, enquanto Marina tem 8%. No Sul, Dilma tem 44%, enquanto Serra tem 29%. Marina tem 6%. No Sudeste, Dilma tem 46%, Serra 24% e Marina, 11%.
A cada dia, o Instituto Vox Populi realiza 500 novas entrevistas. A amostra consolidada com 2.000 entrevistas, portanto, só é totalmente renovada após quatro dias. O levantamento foi registrado junto ao TSE sob o nº 27.428/10.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Marina no colo da direita

Análise contundente do Profº Emir Sader sobre o comportamento da candidata do Partido Verde (PV) à presidência da República, Marina Silva, diante da tentativa de golpe do candidato tucano José Serra.
No Forum Social Mundial de Belém, em janeiro de 2009, Marina propagava que ela seria o Obama da Dilma. Já dava a impressão que as ilusões midiáticas tinham lhe subido à cabeça e que passava a estar sujeita a inúmeros riscos.
De militante ecologista seguidora de Chico Mendes, fez carreira parlamentar, até chegar a Ministra do Meio Ambiente do governo Lula, onde aparecia como contraponto de formas de desenvolvimentismo que não respeitariam o meio ambiente. Nunca apresentou alternativas, assumiu posições perdedoras, porque passou ao preservacionismo, forma conservadora da ecologia, de naturalismo regressivo. Só poderia isolar-se e perder.
Saiu e incutiram na sua cabeça que teria condições de fazer carreira sozinha, com a bandeira supostamente transversal da ecologia. Saiu supostamente com criticas de esquerda ao governo, mas não se deu conta – pela visão despolitizada da realidade que tem – da forte e incontornável polarização entre o bloco dirigido por Lula e pelo PT e o bloco de centro direita, dirigido pelos tucanos. Caiu na mesma esparrela oportunista de Heloisa Helena de querer aparecer como “terceira via”, eqüidistante entre os dois blocos, ao invés de variante no bloco de esquerda.
Foi se aproximando do bloco de direita, seguindo as trilhas do Gabeira – que tinha aderido ao neoliberalismo tucano, ao se embasbacar com as privatizações, para ele símbolo da modernidade – e foi sendo recebido de braços abertos pela mídia, conforme a Dilma crescia e o fantasma da sua vitória no primeiro turno aumentava.
As alianças da Marina foram consolidando essa trajetória na direção do centro e da direita, não apenas com empresários supostamente ecologistas – parece que o critério do bom empresário é esse e não o tratamento dos seus trabalhadores, a exploração da força de trabalho – e autores de auto-ajuda do tipo Gianetti da Fonseca, ao mesmo tempo que recebia o apoio envergonhado de ecologistas históricos.
O episódio da tentativa golpista da mídia e do Serra é definidor. Qualquer um com um mínimo de discernimento político se dá conta do caráter golpista da tentativa de impugnação da candidatura da Dilma – diante da derrota iminente no primeiro turno – com acusações de responsabilidade da direção da campanha, sem nenhum fundamento. Ficava claro o objetivo, típico do golpismo histórico – que vinha da UDN, de Carlos Lacerda, da imprensa de direita e que hoje está encarnado no bloco tucano-demista, dirigido ideológica e política pela velha mídia.
Marina, ao invés de denunciar o golpismo, se somou a ele, tentando, de maneira oportunista, tirar vantagens eleitorais, dizendo coisas como “se a Dilma (sic) faz isso agora, vai saber o que faria no governo”. Afirmações que definitivamente a fazem cair no colo da direita e cancelam qualquer traço progressista que sua candidatura poderia ter até agora. Quem estiver ainda com ela, está fazendo o jogo da direita golpista, não há mais mal entendidos possíveis.
Termina assim a carreira política da Marina, que causa danos gravíssimos à causa ecológica, de que se vale para tentar carreira oportunista. Quando não se distingue onde está a direita, se termina fazendo o jogo dela contra a esquerda.
Por Emir Sader.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O DEM foi ao STF contra o PROUNI

Se dependesse do Dem, Prouni não existiria,
Por Helio Gasparina Folha
29/08/2010
EM BENEFÍCIO DA QUALIDADE do debate eleitoral, é necessário que seja esclarecida uma troca de farpas entre Dilma Rousseff e José Serra durante o debate do UOL/Folha. Dilma atacou dizendo o seguinte: “O partido de seu vice entrou na Justiça para acabar com o ProUni. Se a Justiça aceitasse o pedido, como você explicaria essa atitude para 704 mil alunos que dependem do programa?”
Serra respondeu: “O DEM não entrou com processo para acabar com o ProUni. Foi uma questão de inconstitucionalidade, um aspecto”.
Em seguida, o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, foi na jugular: “Essa informação que ela deu é falsa, mentirosa”.
Mentirosa foi a contradita. O ProUni foi criado pela medida provisória 213 no dia 10 de setembro de 2004. Duas semanas depois o PFL, pai do DEM, entrou no Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a iniciativa, e ela tomou o nome de ADI 3314.
O ProUni transferiu para o MEC a seleção dos estudantes que devem receber bolsas de estudo em universidades privadas. Antes dele, elas usufruíam benefícios tributários e concediam gratuidades de acordo com regras abstrusas e preferências de cada instituição ou de seus donos.
Com o ProUni, a seleção dos bolsistas (1 para cada outros 9 alunos) passou a ser impessoal, seguindo critérios sociais (1,5 salário mínimo per capita de renda familiar, para os benefícios integrais), de acordo com o desempenho dos estudantes nas provas do Enem. Ninguém foi obrigado a aderir ao programa, só quem quisesse continuar isento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, PIS e Cofins.
O DEM sustenta que são inconstitucionais a transferência da atribuição, o teto de renda familiar dos beneficiados, a fixação de normas de desempenho durante o curso, bem como as penas a que estariam sujeitas as faculdades que não cumprissem essas exigências.
A ADI do ex-PFL está no Supremo, na companhia de outras duas e todas já foram rebarbadas pelo relator do processo, o ministro Carlos Ayres Britto. Se ela vier a ser aceita pelo tribunal, bye bye ProUni.
Quando o PFL/DEM decidiu detonar a medida provisória 213, sabia o que estava fazendo. Sua petição, de 23 páginas, está até bem argumentada. O que não vale é tentar esconder o gesto às vésperas de eleição.
Em 1944, quando o presidente Franklin Roosevelt criou a GI Bill que, entre outras coisas, abria as universidades para os soldados que retornavam da guerra, houve políticos (poucos) e educadores (de peso) que combateram a iniciativa.
Todos tiveram a coragem de sustentar suas posições. Em dez anos, a GI Bill botou 2,2 milhões de jovens veteranos nas universidades, tornando-se uma das molas propulsoras de uma nova classe média americana.
O ProUni não criou as bolsas, ele apenas introduziu critérios de desempenho e de alcance social para a obtenção do incentivo. Desde 2004 o programa já formou 110 mil jovens, e há hoje outros 429 mil cursando universidades. Algum dia será possível comparar o efeito social e qualificador do ProUni na formação da nova classe média brasileira. Nessa ocasião, como hoje, o DEM ficará no lugar que escolheu.