quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Corrupção: a cobertura seletiva da mídia

Duas mil pessoas marcham pela principal avenida da maior cidade do país. Elas protestam contra este que é considerado o mal do século: a corrupção. Em outras capitais também ocorreram protetos semelhantes. A cobertura da mídia foca somente a "corrupção", assim, de forma genérica, sem nenhum tipo de aprofundamento.
Também conhecida pelo vulgo como maroteira, maracutaia, esperteza, a corrupção é um ato que na maioria das vezes envolve recursos públicos. É aquela obra, importante para a população, mas que custa o dobro porque o preço, além de superfaturado, também engloba a comissão do funcionário público que manipulou o edital da licitação, de modo a favorecer o executor do serviço.
Este é apenas um exemplo de corrupção. Existem outros. Muitos outros. E causa indignação em todo mundo. Até mesmo nos corruptos (pelo menos enquanto não são apanhados com a "boca na botija). A diferença reside no fato de como esta situação é percebida pelas pessoas. Hoje, muito mais do que, por exemplo, no final da década de 70, mais denúncias vêm a público porque a imprensa, livre da censura do regime militar, exerce uma cobertura mais intensa. Nem todos os veículos agem assim, é preciso lembrar.
A cobertura dos protestos é seletiva. Foca apenas a "corrupção". Mas, o ato é uma via de mão dupla. Para que ele ocorra é necessário o concurso de dois atores: o corrupto e o corruptor. E aqui, esta a seletividade da mídia. O corruptor é o dono do dinheiro. E, invariavelmente, são grandes empresas (leia-se: grandes anunciantes). Por isso, a cobertura foca apenas os corruptos. Nunca, jamais, os corruptores.
Ela, a mídia, também é corrupta. E quando apanhada em flagrante delito, ignora, finge que nem é com ela. É o que ocorre em São Paulo, onde o partido no governo - o PSDB - "comprou" os veículos de comunicação e, em troca, recebe proteção. Um caso análogo à máfia nos EUA que, nas décadas de 20 e 30, oferecia "proteção" ao comércio de rua em troca de pagamentos semanais regulares.
Quem quer que tenha assistido no Jornal Nacional na quarta-feira, 12 de outubro, a matéria sobre as "marchas contra a corrupção pelas capitais" deve ter estranhado a cobertura rasa do protesto na capital paulista. Isso ocorreu porque os manifestantes, em sua maioria, carregavam cartazes como este da foto abaixo. E a mídia não iria imolar-se em praça pública. Não, isto não é próprio dela.

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