quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ações estão mudando, e continuarão, a mudar o Brasil

A notícia passou despercebida. Não mereceu tanta atenção quanto o trabalho dos diligentes ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Ação Penal 470. Até mesmo os empedernidos “colonistas” da chamada grande imprensa foram obrigados a admitir, ainda que a contragosto e inserindo outras informações de contrabando para tentar reduzir o mérito original. “Nunca antes na história deste país”, em tão curto espaço de tempo, foi tão grande o número de negros nos bancos universitários.
Entre 2002 e 2011, multiplicou-se por cinco o percentual de negros e pardos que cursam ou concluíram o curso superior, indo de 4% para 19,8%. Em números absolutos, foram 12,8 milhões de jovens de 18 a 24 anos. O impacto deste crescimento na formação da sociedade brasileira se fará sentir em alguns anos.
Poucos países do mundo conseguiram resultado semelhante em tão pouco tempo. Para ter uma idéia do tamanho e dimensão desta conquista, em 2011 o percentual de afrodescendentes matriculados em universidades americanas chegou a 13,8%, transformando cifras em números: três milhões. Isso depois de meio século de lutas e leis.
Em 1957, estudantes negros entraram na escola de Little Rock escoltados pela 101ª Divisão de Paraquedistas. O Brasil ainda tem muito chão pela frente, pois negros e pardos formam 50,6% da população e nos Estados Unidos são 13%.
Os números mostram que a sociedade brasileira, apesar dos resmungos e xingamentos de suas elites brancas e reacionárias, está mudando, para melhor. Por trás desse êxito estão as políticas de cotas ou estímulos nas universidades públicas e no ProUni.
Em seis anos, o ProUni matriculou mais de 1 milhão de jovens do ano andar de baixo, brancos, pardos, negros ou índios. Deles, 265 mil já se formaram. Novamente, convém ver o que esse número significa: em 1944, quando a sociedade americana não sabia o que fazer com milhões de soldados que combatiam na Europa e no Pacífico, o presidente Franklin Roosevelt criou a GI-Bill.
A chamada lei de reintegração social para os veteranos de guerra, intitulada como G.I Bill of Rigths, dava a todos os soldados uma bolsa integral nas universidades que viessem a aceitá-los. Em cinco anos a GI-Bill matriculou 2 milhões de jovens. Hoje entende-se que a iniciativa foi a base da nova classe média americana; e há estudiosos que vêem nela o programa de maior alcance social das reformas de Roosevelt.

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