Uma comunidade onde as decisões são tomadas em um
Conselho; e as opiniões dos mais velhos são respeitadas pelos mais jovens. Os
filhos constroem suas casas nos fundos das residências dos pais. Como os homens
trabalham fora, a administração do local fica sob a responsabilidade das
mulheres, em um autêntico regime matriarcado. Para preservar as características
do local, as ruas não serão asfaltas. Católicos, espíritas e evangélicos
convivem em harmonia. E a história e a identidade são resgatadas por meio da
oralidade e da reconstrução dos acontecimentos vividos por seus antepassados. Assim
é a vida no Quilombo do Brotas, comunidade formada por afrodescentes,
localizada na cidade de Itatiba.
Os integrantes do Coletivo de Combate ao Racismo da
subsede Campinas da CUT Estadual/SP visitaram o local no dia 27 de julho. Ali, foram
recepcionados pelas Sras. Ana, presidente, e Sueli, diretora de eventos, que
contaram um pouco da história do Quilombo, suas origens e a luta para assegurar
a titularidade de posse aos descendentes de escravos que herdaram a
propriedade. A visita foi um mergulho no passado, para conhecer as origens, as
dificuldades e os sofrimentos enfrentados pela comunidade negra ao longo dos
séculos.
O avô de dona Ana, Senhor Modesto, contava aos
filhos e netos que Brotas era o nome de um antepassado deles, escravo
alforriado, que recebeu o sítio de presente do seu antigo proprietário. A área
original era bem maior, mas invasões de não negros e a especulação imobiliária
contribuíram para reduzi-la aos limites atuais. E só não foi reduzida ainda
mais, porque houve a intervenção do Condepacc e o reconhecimento, pelo INCRA,
de que a área era realmente remanescente de quilombo.
A certificação de posse do sítio, onde moram 39
famílias (todas com algum grau de parentesco), esta em vias de ser emitida. A
eletrificação veio com o programa “Luz para Todos”, criado na administração do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E os mais jovens, agora, se preparam para
ingressar na faculdade.
O senso de
coletividade que move os moradores do Quilombo do Brotas se traduziu, mais
recentemente, na formação da horta comunitária do sítio. E eles já se preparam
para um salto maior e mais ousado: a construção de um restaurante onde serão
servidas comidas típicas da África. Os futuros chefes já se preparam por meio
de cursos de culinária.
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