quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Complexo de vira-lata?

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à Paris receber o título de Doutor Honoris Causa outorgado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris – conhecido como Sciences Po. O mundo caiu. Os principais veículos de comunicação do país destacaram seus correspondentes na Europa para a cobertura do evento. Natural, tendo em vistar tratar-se do primeiro latino-americano a receber a honraria do instituto francês; e apenas o 19º título desta natureza conferido em seus 140 anos de história.
A cobertura, longe de mostrar o ineditismo do evento, tratou de desancar a renomada escola parisiense por ter tido a ousadia de conceder tal título a alguém que nem diploma de curso superior possui. A honraria, e é disso mesmo que se trata, apenas uma honraria, não tem o menor valor acadêmico. Destina-se apenas a reconhecer os esforços de uma pessoal em proal de uma causa. No caso de Lula, as ações sociais desenvolvidas durante seus dois mandatos na presidência da República e seus resultados. Nada mais que isso.
As elites, e suas penas de aluguel, inconformadas, tentaram encostar a "faca na garganta" do diretor do Instituto, como que a puní-lo pela ousadia de conceder a honraria a alguém que não deveria sequer ter saído da senzala. Não dá nem para usar a expressão criada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues: o famoso complexo de vira-lata, pois não é disso que se trata.
O que houve foi apenas preconceito e recalque, porque o premiado não era o "doutor presidente", o príncipe dos sociólogos, mas, o torneiro mecânico; alguém que até outro dia envergava o macacão cheio de graxa. Isso é demais para as elites brasileiras, que sempre vaticinaram a incapacidade dos de baixo de administrar seu próprio destino.
A história mostrou que elas - as elites - estavam erradas. O povo e seus representantes são capazes de conduzir suas próprias vidas. Podem conduzir, ao invés de serem conduzidos.

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