quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sobre os erros que deixamos passar…

Todo mundo conhece e sabe como funciona a manipulação na imprensa nativa. Lá fora, as coisas não são muito diferentes. E o caso mais emblemático é a decisão da Autoridade Palestina de solicitar diretamente na Assembleia Geral da ONU o seu reconhecimento como Estado-membro. As agências internacionais de notícias insistem na patranham de que o ato "será" vetado pelos EUA, que vai agir em socorro ao seu satélite no Oriente Médio, Israel. Os norte-americanos não farão isso porque, simplesmente, nestas circunstâncias não tem poder para tanto. Vejam por si mesmos. Informação publicada no blog do jornalista Luis Nassif.

Todo mundo comentando (e aceitando) o noticiário das agências internacionais, que informavam (erradamente) sobre o poder dos EUA de vetar a entrada da Palestina como membro da ONU…Nada disso: eles vão apresentar o pedido diretamente à Assembléia-Geral (senão, pra que esperar a reunião de cúpula – eles poderiam apresentar sua solicitação a qualquer momento no Conselho de Segurança), onde vai votar-se a sua inclusão como MEMBRO PLENO. Passa com maioria de 2/3 dos países-membros, e não há poder de veto de ninguém. Vejam o noticiário abaixo, onde eles tentam “consertar” a informação errada:
“…Estados Unidos e seu satélite (Israel) no Oriente Médio, naturalmente, fazem feroz oposição ao desejo palestino. Os EUA já afirmaram que usarão seu poder de veto (sic) para frustrar as aspirações palestinas.
Assim, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, deve escolher pela proposição de uma votação de reconhecimento na Assembleia Geral da organização, em lugar de entrar com uma solicitação no Conselho de Segurança (CS).
Os palestinos passariam então a ter acesso pleno ao direito de participação na ONU. Expressando seu apoio ao reconhecimento da Palestina, o primeiro-ministro turco disse que ‘não se trata de uma opção, mas de uma necessidade’…".
(resumo dos textos de Reuters, France Press e Associated Press, divulgado aqui:http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=163863&id_secao=9 )
O que falta colocar em evidência:
1. A Assembléia-Geral é a única entidade das Nações Unidas com a prerrogativa de aceitar ou vetar uma solicitação de inclusão de um estado soberano.
2. O CS não pode fazer isso sem a apreciação de TODOS os países-membros. Casos excepcionais de acolhimento de um novo estado-membro pelo CS já ocorreram (no caso da crise da Yugoslávia), mas eles nessas ocasiões os aceitos não entraram com direitos plenos dos estados-membros, só os adquirindo depois da ratificação da Assembléia-Geral.
3. Em caso de aceitação da Palestina (o que – para desespero de EUA e Israel é líquido e certo), ela deve adquirir status de membro pleno imediatamente.
Obs.: Independente da opinião de cada um (ser simpático aos israelitas ou aos palestinos é decisão de foro íntimo e pessoal), é bom que todos aqui atentem para os detalhes do processo de divulgação do noticiário internacional, que é ainda pior do que a mídia brasileira. As agências de notícia internacionais são poucas (conta-se com uma das mãos) e, portanto, a capacidade de disseminação de notícias tendenciosas ou com viés distorcido é muito favorecida pela extrema concentração de mídias em grupos corporativos.
Vou citar só um exemplo recente de distorção pesada: o caso da Líbia que, como membro pleno, não poderia JAMAIS ser atacado por forças da OTAN (francesas, inglesas, americanas, todos também países-membros das Nações Unidas) sem o aval da Assembléia-Geral da ONU - e somente após esgotarem-se todos os processos via canais diplomáticos e mediação internacional. É uma inferência dentro dos assuntos internos de um estado-membro por outros estados-membros, o que a Carta Constitutiva da ONU proíbe, aponta como arbitrário e totalmente ilegal. Abs.

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