quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O ensino técnico em São Paulo

O ensino técnico profissionalizante de nível médio é a vedete nesta campanha eleitoral. Todos os candidatos prometem ampliar investimentos e construir mais escolas desta natureza no estado de São Paulo. A excessiva especialização que estes cursos proporcionam não atende mais as necessidades do mercado de trabalho. Mais do que técnicos extremamente especializados, as empresas querem também um trabalhador com ampla visão de mundo, capaz de entender o empreendimento em sua totalidade e atuar nos diferentes setores da organização.
Esta excessiva especialização é consequência do Decreto 2.208, assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1997. No ano anterior, 1996, o Congresso Nacional aprovou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e desobrigou a vinculação da educação profissional ao ensino médio. Com o decreto de FHC ocorreu a fragmentação da educação técnica integrada e a redução da oferta de vagas nesse nível de ensino.
Esta fragmentação é ruim para a formação do trabalhador e para o país, pois reduz os anos de escolaridade. E o fruto desta baixa escolaridade é o trabalho precário, a sub-remuneração, as migrações, que não trazem benefícios para ninguém.
Em 2004, apesar das pressões de setores ligadas à educação privada no Congresso Nacional, foi aprovado o Decreto 5.154, que revogou o 2.208. O ensino técnico voltou a ser vinculado à educação básica, foi assegurado o cumprimento da formação geral e da preparação técnica, com ampliação da carga horária do curso. O decreto do presidente Lula resgatou a integração, porém, de maneira opcional. E nem todos os estados aderiram.
São Paulo não aderiu e, aqui, a rede estadual continuou com dois conteúdos separados e dupla jornada escolar: num período o aluno cursa o ensino médio, e no outro, o ensino técnico, que dura no máximo dois ou três semestres, dependendo do curso escolhido. Quando havia a integração entre os ensinos técnico e o médio, o conteúdo profissionalizante era desenvolvido ao longo dos três anos de curso, e solidificado junto com os conteúdos de Português, Matemática, Física, Biologia e Química; e enriquecido com Literatura, Artes e Línguas.
Desta maneira, o curso proporcionava envolvimento do aluno, tornando mais completa a sua formação; dando-lhe, enfim, a tal visão de mundo que as empresas tanto buscam. Atualmente, com dois ou três semestres no máximo, o conteúdo é reduzido, o tempo de absorção é muito menor, e é muito mais difícil os alunos se envolverem no cotidiano na escola.

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