sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O que faz a falta de memória

O período eleitoral é pródigo em histórias de partidos políticos que fazem uso da velha máxima, segundo a qual os brasileiros não têm memória e não cultuam sua história. Posicionamentos considerados equivocados se transformam, da noite para o dia, em ações “virtuosas que só visam o bem estas das pessoas”. Useiro e vezeiro neste tipo de comportamento, o partido Democratas (DEM) é o autor principal em mais uma história desse tipo. A bola da vez é a posição do partido em relação do Programa Universidade para Todos (Prouni).
Lançado em 2004 pelo governo federal, o Programa Universidade para Todos (Prouni) criava condições de acesso ao ensino superior para jovens carentes. Às universidades privadas, aderentes ao programa, o programa propunha isenção de impostos. O principal objetivo do Prouni era, através de bolsas de estudos integrais ou parciais, permitir que jovens provenientes de famílias de baixa renda pudessem cursar uma faculdade.
A isenção de impostos motivou a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino e o Partido da Frente Liberal (PFL), antigo nome do DEM, a ingressarem com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), que recebeu o número de 3330, no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Prouni. Um programa que beneficiava também os estabelecimentos de ensino questionado pela sua própria entidade representativa. Surpreendente!
A ADIN DEM-Confeden ainda não foi julgada pelo STF, entretanto, provocado pela candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da República, Dilma Rousseff, que o acusou de querer barrar o programa, o Democratas, agora, reconhece o Prouni como “importante e necessário” parra a educação no Brasil. No seu lançamento, em 2004, não era. Mas, como precisa dos votos dos pobres – os maiores beneficiados pelo programa –, para não serem varridos do mapa político, os democratas dizem em sua propaganda eleitoral que são favoráveis ao Prouni.
Esta mudança radical de posição e comportamento só se explica pela falta de memória dos brasileiros. Apesar de, em períodos eleitores, todos dizerem que escolhem suas opções políticos após rigorosa análise do passado dos candidatos, é fato que mesmo com tanta observação os eleitores ainda escolhem aqueles que lhes apunhalam pelas costas no Parlamento.

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